28 agosto 2009

A amnésia do mundo e outros monumentos em ruínas (Parte 2)

Os valores humanos e suas criações são aspectos que afirmam sob o próprio entendimento da lógica humana sua superioridade em relação às demais matérias, às demais formas de vida. Busca-se com isso dar sentido a existência da humanidade, ainda que a justificativa da humanidade e mesmo a existência em si só seja necessária à própria humanidade.

27 agosto 2009

A amnésia do mundo e outros monumentos em ruínas [parte 01]

“O homem não trabalha apenas para o animal que há dentro dele, mas por um símbolo, para o que há fora dele”. (Henry D. Thoreau – Walden ou a vida nos bosques, Pg.65)

A presença da humanidade no sistema solar tem uma origem recente quando pensada comparativamente em relação à origem do próprio sistema solar. Sua duração tende a ser ainda mais curta se comparada ao quanto ainda resta de existência ao universo. Sua matéria e o efeito de suas ações para a natureza, seguindo essa mesma relação, são também minúsculos.

25 agosto 2009

Post R003/09

Vamos falar de textos chatos. Eu, Rodolfo Carneiro, jovem adepto deste artifício, alvo de risadinhas desconcertantes dos editores sérios deste blog, reconheço, espontaneamente, ser um chato militante – não um militante chato. Tudo tem limite. E se isto pareceu uma introdução legal, não se enganem. Pegar-vos-ei com as calças na mão.

22 agosto 2009

Sob a razão

Sinto-me livre quando compelido a escolher entre o certo e o errado, consensualmente erro. Não sei se foi por esta sensação que alguns europeus abriram mão de suas existências no distante século XVIII. Mas se por isto morreram estão vingados. Agir com este caráter é agir de forma racional, apesar de aparentemente ser um absurdo.
E o que é ação racional?

15 agosto 2009

Carro à frente dos bois e outros atropelos

Quem nunca ouviu estas frases? “Em terra de cego, quem tem um olho é rei”. “Antes tarde do que nunca”. “Tudo tem uma primeira vez”. “Ele estava à frente do seu tempo”. “Deus escreve certo por linhas tortas”. “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. “Um grama de exemplo vale mais do que um quilograma de palavras”. Os exemplos poderiam ficar se repetindo ad infinitum, mas eu não pretendo aborrecer o meu leitor.

Ditados populares, ou chistes e truísmos, são frases de efeito poderoso. Elas pretendem resolver a questão, qual seja ela, com uma saída que é uma mistura de sabedoria, gracejo e senso comum - e sempre com aquela expressão de “encerrou-se o assunto”. Podem cair como uma luva numa discussão e resumir o sentido de uma conversa. Mas nem sempre é assim. Elas são armadilhas fáceis. Eu vou desenvolver um ou outro exemplo, para elucidar o absurdo.

14 agosto 2009

Um Truísmo

Alguns argumentos e expressões me fazem coçar a cabeça com uma careta discreta. Não porque estão certos ou errados, mas porque são proferidos à exaustão. Como aqueles filmes da sessão da tarde que, na primeira vez, são divertidos - interessantes até -, mas que de tanto repetir se tornam insuportáveis. Eles, os argumentos e expressões, se gastam, às vezes se contradizem ou alguém aparece com uma réplica melhor, mas eles continuam sendo usados como (me perdoem por mais esta comparação) uma roupa que alguém elogiou quando era nova, e por isso foi usada até se rasgar sozinha, de tão velha, pois o dono achava que ela seria bonita pra sempre.

10 agosto 2009

Cemitério da vez, o Campo Santo em Salvador.

Na morte os homens não são iguais, como não o são em vida. Uns tem para descanso do seu corpo morto uma terra santificada no interior de Igrejas, outros vão servir de comida a urubus e outros carniceiros mais: o destino comum é somente a morte. Os ritos em torno disso sofrem todo tipo de variação.


Primeiramente, um cemitério não é um lugar somente de mortos. Os vivos vão ali também; para deixar flores para os seus queridos falecidos, para ver a tumba de algum famoso, para sentir saudades, ou ainda, por curiosidade, por pesquisa, porque é um lugar tranqüilo, ou outro interesse excêntrico. Seja qual for o motivo, é um lugar bem visitado - até que a visitação um dia torna-se residência permanente.

03 agosto 2009

Klaatu barada nikto

Certa feita, meu amigo e parente Raviere intimou-me, como é do seu feitio, a assistir o preto-e-branco O dia em que a terra parou (The Day the Earth Stood Still, Robert Wise). A data escapa à memória, mas estávamos próximo do lançamento de um remake homônimo. A situação era uma oportunidade de exercitar meu pedantismo cinematográfico, declarar para mundos e fundos como o original era superior (declaração comprome-tedora, “superior” virou palavrão). E de fato a refilmagem é uma cretinice. Paciência! Neo, vulgo Keanu Reeves, e sua enigmática cara de paisagem, somado a um argumento estrategicamente encomendado engrossam a famosa teoria-do-remake-que-fica-pior-que-o-original. Já o filme de 1951, que também não é a bússola do cinema, segundo meu criterioso bom senso, tem um desfecho bacana e é disto que gostaria de tratar.